13 de Outubro de 2022
às 21:00
Ingressos a partir de R$ 0,00 em até 12x
Teatro Bourbon Country
Porto Alegre/RS
Abertura da casa: 20h
Não é a primeira vez que Tom Zé compõe um álbum temático, inspirado por uma provocação conceitual e explorando a mina de um mesmo assunto. Estudando o samba (1976), por exemplo, é uma desconstrução amorosa do nosso maior gênero musical. Tropicália lixo lógico (2012) é um álbum ensaístico sobre o movimento polêmico dos anos 1960. Tudo, sempre, com aquela sua verve inconfundível que resiste a qualquer tipo de engessamento. Pois ideias e sonoridades entram numa fricção vivaz de ritmos, células polifônicas, interjeições aliciantes e onomatopeias, levadas no embalo dos motes, dos riffs e dos refrães. Há um fascínio irresistível no fato de que as ideias mais sérias, manejadas por ele, são também brinquedos reveladores e jogos de armar.
No caso de Língua brasileira, a sequência de canções girando em torno de um mesmo assunto ganha embocadura e amplitude inéditas. É que se trata, além de tudo, de um projeto grupal, em parceria com Felipe Hirsch e o coletivo Ultralíricos, associados a um conjunto respeitável de estudiosos das línguas, voltados todos para o espetáculo teatral que fez temporada marcante no Sesc Consolação, em janeiro-março de 2022, e no qual se incluíam as canções desse novo disco.
A noção de língua brasileira mobilizada pelo espetáculo e pelas canções não se reduz à ideia de uma língua única e monolítica falada dentro das fronteiras do país. Ela foi concebida como um magma de línguas em processo de impregnação e de metamorfoses, presentes e remotas, no qual tomam parte o latim culto e o popular, remetendo ao proto indo-europeu, ao proto-celta, aos fluxos e aos influxos do galego português, do árabe, das línguas indígenas e africanas, potencializadas ao infinito pela multiplicidade dos falares. A língua é o leito de um rio caudaloso e acidentado, cheio de passados, de presentes e de futuros, que se liga ao oceano das línguas. A diversidade das falas desemboca, para usar a imagem de uma das canções, na unimultiplicidade da humanidade, onde cada homem, a cavaleiro das palavras, “é sozinho (...) / a casa da humanidade” (“Unimultiplicidade”). A primeira faixa do álbum (“Hy-Brasil terra sem mal”) brinca com a coincidência entre o nome do país e o da misteriosa ilha “Brasil” presente no imaginário medieval celta. Ilha mítica que, segundo reza a lenda, se afastava e se escondia de quem se aproximasse. Numa de suas jogadas arrojadas e engenhosas, além de engraçadas e surpreendentes, Tom Zé aproxima a ilha-Brasil irlandesa do mito da terra sem mal que alimentou o profetismo tupi-guarani e que, ao contrário da vida eterna no céu cristão, prometia um paraíso encontrável na terra – mesmo que uma terra sempre por encontrar. A primeira parte da canção, a que fala do mar gelado da Irlanda, se apoia na célula repetida de um ostinato (palavra que designa um recurso musical frequente em Tom Zé, e que aparece ardilosamente ostentada na sua têmpora, numa foto do encarte do disco). A segunda converte-se no samba de um Hy-Brasil bem batucado que virasse uma utópica “ilha sem fuzil” e sem “bala civil”. Em “Pompeia – piche no muro”, Tom Zé faz uma glosa libérrima e exata de um “chique piche” escrito em latim e encontrado num “muro nu” da antiga cidade romana. Pode-se resumir dizendo que, entre o mortal que ama e o mortal que não ama e que quer proibir o amor, entregue-se este último ao carcará e diga-se: “Cega, amassá e some!”. A canção-título “Língua brasileira”, que já fazia parte do álbum Imprensa cantada (2003), teve tudo para ser retomada aqui, por razões evidentes.
Em meio a um ambiente estilístico de alfaias lusitanas, vinhos e punhais, “mares-algarismos” nunca dantes navegados, “almas e abismos”, a voz que canta dirige-se à língua de Avis, essa “dama culta e bela”, “visigoda e celta”, que não se furta, enquanto “Babel das línguas em pleno cio”, à África, ao mouro e ao gentio. Ao final, o fado dessa ilustre dama portuguesa se une ao nosso destino equívoco e musical pelas mãos de uma sortista: “A cartomante abre o baralho, / Abismada vê, entre o sim e o não / Nosso destino ou um samba-canção”. E assim prossegue essa eletrizante farra poético-musical que junta a plasticidade dos fluxos linguísticos e das trocas antropológicas com a ferroada cáustica dos atritos e dos embates sociais. O mito da gênese cosmogônica guarani (“Gênesis guarani”) dá as mãos ao mito da gênese iorubá, que assume proporções grandiosas e arrebatadoras numa faixa épica de quase dez minutos (“A língua prova que”). Nela, a narrativa ancestral desvela a língua como a melhor e a pior das comidas, o veneno remédio da bendição e da maldição, a ser atravessado por dentro pela fresta e pela festa da sabedoria, num bate-rebate de sílabas. “Índio desliga Jaraguá” nos lança nessa cidade-pauliceia capaz de tomar sem volta (mas não sem revolta) a terra do índio, fazendo jus ao sujo apelido que nela gruda, e cujo nome é “cu do Juda”. E “San Pablo, San Pavlov, San Paulândia”, resgata, num palavreado insubmisso e multilinguístico, os trabalhadores nordestinos, paraguaios (entenda-se, também, bolivianos, coreanos, africanos e todos os outros), que suportam o peso da cidade e limpam latrinas – palavra que se transforma afinal num peido vocal vingativo e reparador. “Metro guide”, por sua vez, faz um impagável contraponto entre o ascético pragmatismo norte-americano e o savoir-faire tropical através da lista comparada de telefones de serviço de Nova Iorque e de Irará. Não nos percamos de “Clarice”, pequena canção delicada e linda, toda feita de jogos de aliterações e paronomásias (“carece Clarice esclarecer”, “tão solene e tão solar”, “corajoso coração”, “unguentos aguentar”...), fazendo florescer uma língua lunar secreta no “quarto-minguante que míngua”. Nem nos esqueçamos de “Os clarins da coragem”, balanço de um país “que até hoje não há”, que tarda demais, “que elege carrascos, / letais”, mas para o qual Tom Zé ergue uma clarinada augural desejando “que uma geração com ternura / se eduque em firmeza e doçura” nos clarins da coragem. Salve esse extraordinário criador! Viva sua energia estimulante capaz de abraçar – sempre! – mundos sem fundo.
Duração: 90 minutos.
Classificação: 14 anos. Menores de 14 anos, somente poderão entrar acompanhados dos pais ou responsáveis. Crianças até 24 meses de idade que ficarem no colo dos pais, não pagam.
Meia Entrada/Descontos:
50% de desconto para Idosos (com idade igual ou superior a 60 anos): Conforme a Lei Federal nº 10.741/03 e o Decreto nº 8.537/15 , mediante apresentação de documento de identidade oficial com foto.
50% de desconto para Estudantes: Os estudantes terão direito ao benefício da meia-entrada mediante a apresentação da CIE no momento da aquisição do ingresso e na portaria ou na entrada do local de realização do evento. Podendo ser emitida por entidades estaduais e municipais, Diretórios Centrais dos Estudantes, Centros e Diretórios Acadêmicos, mesmo que estas entidades não estejam filiadas a ANPG, UNE e Ubes.
50% de desconto para Jovens com até 15 anos de idade: Conforme a Lei Estadual nº 14.612/14, mediante apresentação de documento de identidade oficial com foto.
50% de desconto para Pessoas com Deficiência e acompanhantes quando necessário: Conforme a Lei Geral da Meia-Entrada (Decreto nº 8.537/15, que regulamenta a Lei 12.933/13), mediante apresentação do cartão de Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social da Pessoa com Deficiência ou de documento emitido pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS que ateste a aposentadoria de acordo com os critérios estabelecidos na Lei Complementar nº 142, de 8 de maio de 2013. No momento de apresentação, esses documentos deverão estar acompanhados de documento de identidade oficial com foto.
50% de desconto para Aposentados e/ou Pensionistas do INSS (que recebem até três salários mínimos): Conforme a Lei Municipal nº 7.366/93, mediante apresentação de documento fornecido pela Federação dos Aposentados e Pensionistas do RS ou outros Associações de Classe devidamente registradas ou filiadas.
50% de desconto para Doadores Regulares de Sangue: Conforme a Lei Estadual nº 13.891/12, mediante apresentação de documento oficial válido, expedido pelos hemocentros e bancos de sangue. *São considerados doadores regulares a mulher que se submete à coleta pelo menos duas vezes ao ano, e o homem que se submete à coleta três vezes ao ano.
O benefício de meia-entrada é assegurado para 40% do total de ingressos disponíveis para cada evento, conforme o Decreto nº 8.537/15.
Outros Descontos:
50% Clube do Assinante RBS. Limitado a 50 ingressos para os Titulares na estreia.
10% Clube do Assinante RBS. Para os demais clientes.
50% cartões Zaffari Card e Bourbon Card, na compra de até 2 ingressos por titular do cartão nos primeiros 100 ingressos na estreia.
50% de desconto para clientes MAG (Mongeral). Limitado a 10 ingressos por sessão. Válido para compras na Uhuu através do código promocional e na bilheteria.
30% de desconto para Sócios Clube Opus Black. Limitado a 01 ingresso por sócio. Válido para compras na Uhuu e na bilheteria através do CPF. Maiores informações https://clubeopus.com/.
- Os descontos não são cumulativos, devendo ao beneficiário optar pelo desconto de sua preferência, mediante a apresentação de documentos que comprovem o direito.
- Os documentos para validação de descontos deverão ser apresentados no ato da compra e no dia da sessão adquirida, na portaria do evento. Nas compras feitas através da internet, a apresentação do(s) documento(s) de comprovação será exigida no acesso ao evento.
- Caso os documentos necessários não sejam apresentados ou não comprovem a condição do beneficiário no acesso ao evento, será exigido o pagamento da diferença de valor dos mesmos.
Informações do Teatro:
Alvará de Funcionamento Nº 50455079 Validade: indeterminada
Capacidade Máxima sentados: 1.144 pessoas
Capacidade Máxima: 2.910 pessoas
Para mais informações, você pode conversar conosco através do Chat online, ele está disponível aqui mesmo na home do nosso site. Este atendimento é rápido e prático.
Ponto de venda sem taxa de serviço:
Bilheteria do Teatro do Bourbon Country
Endereço: Av. Túlio de Rose, 80 / 2° andar, Passo D’Areia – Porto alegre - RS
Horário de atendimento: segunda a sábado das 13h às 21h. Domingos e feriados das 14h às 20h.
Formas de Pagamento:
Internet : Depósito e Cartões Visa, Master, Diners, Hiper, Elo e American.
Bilheteria: Dinheiro, Visa, Master, Diners, Hiper, Elo, Vale Cultura Ticket, American e Banricompras.
Parcelamento para compras em cartão disponíveis até a data do evento:
Em até 4x sem juros e de 5x a 12x com juros.