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Adriana Calcanhotto - Errante

Show
Encerrado

06 de Agosto de 2023
às 19:30

Ingressos a partir de R$ 0,00 em até 12x

Teatro Riachuelo Natal
Natal/RN

Ver localização

Abertura da casa: 18h30


Estar é ir

Em “Errante”, disco no qual apresenta 11 canções inéditas, Adriana Calcanhotto canta a identidade a partir do movimento, em meio a canções de amor, de luto e de espelho Leonardo Lichote Adriana Calcanhotto abre seu 13o álbum, “Errante”, desenhando em versos um autorretrato. Seus contornos, porém, são feitos não de traços definidos, inequívocos. Pelo contrário, ele se constrói a partir de uma identidade que se espalha: “Tenho o corpo italiano/ O nascimento no Brasil/ A alma lusitana/ A mátria africana”. Desenraizada, portanto, como afirma no instante seguinte: “E em tudo o que faço sou não mais do que impostora”.

Ao longo da faixa de abertura, “Prova dos nove”, e dos 38 minutos do disco, Adriana confirma e desmente — em meio a canções de amor, de fim de amor, de cantada, de luto, de espelho — sua condição de “impostora” desenraizada.

Confirma, ao se recusar a assumir um caminho único, uma cara só, seja em música ou em poesia: “I’m formless”, canta ela a certa altura. E desmente, ao se enraizar na identidade que se ergue a partir da errância: a diáspora negra refletida no funk carioca e no maxixe à la Oito Batutas; os pífanos que se derramam pelo Nordeste a partir de culturas indígenas; a lira grega que remonta à trajetória que a canção fez ao longo dos séculos até chegar aqui; o sangue judeu, sefaradi, do qual se descobriu herdeira e que menciona em dois momentos do disco; os violões que ela usa no disco, carregados de história (um pertenceu a Nara Leão, outro a Orlando SIlva); o título da instalação de Lygia Clark (“A casa é o corpo”) que ela transforma em verso-lema. — A minha escolha é errar — diz a compositora, explorando a ambiguidade do verbo, que guarda o sentido de “andar sem destino” e de “cometer erro”. — O meu nome não é escolha minha. Nascer no Brasil não é escolha minha. Ter sangue judeu não escolha minha. A minha escolha é a escolha modernista pela alegria. Adriana faz referência à frase de Oswald de Andrade no “Manifesto Antropofágo”: “A alegria é a prova dos nove”. Em sua canção “Prova dos nove”, ela afirma exatamente “a crença na alegria como prova dos nove”, reiterando sua condição de herdeira do modernismo da Semana de 22. Como fez tantas vezes, aliás, ao longo de sua carreira — o show “A Mulher do Pau-Brasil”, de 2018, é apenas o exemplo mais evidente. “Errante” é marcado pela escolha pela alegria, a despeito das canções (poucas) que carregam o peso da tristeza. Até porque o disco responde ao desejo da expansão de Adriana, um reflexo natural ao período de recolhimento vivido entre 2020 e 2021, devido à pandemia. Ao contrário de “Só”, seu disco de 2020 que sublinhava aquela solidão enquanto ela era vivida, “Errante” quer, desde seu título, a porta afora.

Esse espírito se mostra não apenas nas canções, quase todas compostas a partir de 2020. As sessões de gravação, realizadas no estúdio da gravadora Rocinante (isolado em Araras, na serra fluminense, cercado de Mata Atlântica), eram a celebração do encontro represado. Afinal, “Errante” é o que se chama de um “disco de banda”. E por banda, entenda-se Adriana (violão e voz), Alberto Continentino (baixo, piano e lira), Davi Moraes (guitarra e violão) e Domenico Lancellotti (bateria e percussão), com o reforço dos sopros de Diogo Gomes, Jorge Continentino e Marlon Sette. Instalados na casa-estúdio, convivendo diariamente, os músicos construíram juntos com a cantora a sonoridade do álbum, num diálogo essencialmente musical:

— Eu mostrava a canção e eles se colocavam sem a gente falar nada — explica Adriana. — Não tem assembleia, não ficamos combinando quantas vezes fazemos o refrão, essas coisas. O Alberto costuma dizer que depois que eu apresento a música pra eles, ficamos todos esperando o Domenico falar: “Bicho!” (imita, em tom de “eureca!”). Aí cada um vai pro seu lugar e começamos a tocar (risos). É um sonho. Tudo muito espontâneo.

“Prova dos nove” abre o disco lançando pro ouvinte essa intimidade e essa liberdade vivida em Araras. Sua base é um tamborzão delicada e anarquicamente desconstruído em bateria, percussão, drum machine, baixo, piano, violões, lira, trombone, oboé, trompete e sax barítono. Sua melodia, porém, flutua sobre o funk, quase alheia, mas em diálogo com ele.

Ao fim, a batida funk se desloca na direção de outros bailes, localizados em algum lugar entre os anos 1920 e os 1970. Poucos segundos depois, a alegria, prova dos nove, se materializa nas sonoras gargalhadas dos músicos e de Adriana. Introduzida pelo som de pássaros gravados em Los Angeles por por Mario Caldato (que assina a mixagem do álbum), “Larga tudo”, faixa seguinte, é samba-de-roda buliçoso, com direito a prato-e-faca e harmonia tradicional do gênero, centrada em dois acordes. Evoca o Recôncavo Baiano e a Gamboa, maxixes de Ernesto Nazareth arranjados por Pixinguinha, tudo servindo de terreno ao convite sedutor para que a pessoa a quem o canto se dirige largue tudo e compartilhe com a cantora “a eternidade desta madrugada”. A eternidade errante, portanto, que se materializa ainda mais nitidamente nos últimos versos: “Que quando chegar a alvorada eu já vou na estrada/ Que é o que me leva”. As batidas no tamborello (instrumento do sul da Itália, com ecos da península ibérica e do mundo árabe) em “Quem te disse?” lançam outras geografias na natureza estradeira de “Errante”. Na letra, A identidade, enquanto marca definidora, é vista como desimportante frente ao amor: “Não me quer porque sou branca/ Não me quer eu não sou moça/ Não me quer por ser mulher/ (...) Se eu não fosse sefaradi/ Novinha, quem disse que o amor vê diferenças”.

Em sua perspectiva feminina sobre o ambiente do samba, “Levou para o samba a minha fantasia” remonta ao disco “O micróbio do samba”, de 2011 — apesar de ter sido composta bem depois. Adriana a escreveu logo antes da quarentena, no carnaval de 2020, por isso, ela mesma nota, parece de “outra época” (“Antes de tudo”, nota a cantora). No instrumental, aparece o mesmo trio da turnê de “O micróbio do samba” — Alberto, Domenico e Davi, aqui acompanhados do trombone de Marlon. No samba picotado pela guitarra de Davi e pelo ritmo de Domenico, o piano de Alberto trafega como o piano de Cristóvão Bastos nos momentos mais soltos do álbum “Nervos de aço”, de Paulinho da Viola.

O rock chacundum “Era isso?”, construído sobre o violão de samba de Adriana, dialoga emseu vigor com o amor-combustível descrito com perplexidade na letra: “Era isso o amor?/ Era isso?/ Arder, arder, queimar/ Consumindo-se em seu umbigo?”. Adriana conta que ela nasce das reflexões do Camões lírico, do “amor é fogo que arde sem se ver”. Os versos, no desespero que antecede a cinza, ameaçam o alvo do amor que desaparece no fogo: “Vai sentir minha falta/ Vai notar as noites rodando tontas sem passar”. Postada no centro de “Errante” (há cinco faixas antes dela e cinco depois), “Lovely” é central também para o conceito do álbum. É de sua letra em inglês o verso “I’m formless”, já citado aqui, assim como outros fundamentais, como “I came from nowhere”. Ou, ainda mais fundo, “I can be whoever you want me to be”. Posso ser qualquer um que você quiser que eu seja. A errância em estado puro, num samba de suavidade traçada pela flauta de Jorge e pelo bandolim do convidado Rodrigo Amarante. “Jamais admitirei” soa, em seu arranjo, como areia movediça, uma espiral puxada pela gravidade do baixo. Sua letra se afina na mesma frequência grave, em sua poesia de ausência, luto. A certa altura, os pífanos se contrapõem em voo agudo, como se puxassem o chão para o alto.

O luto segue em “Reticências”, em seu andamento carregado de resignação. A intensificação e o arrefecimento da bateria são os sinais de vida e movimento no cenário estático, da mesma forma que “as cortinas em revoada” da letra. Adriana chama a atenção para o fato de que “as coisas que são de mexer não se mexem”, como nos versos: “Suas camisetas seguem nas gavetas/ As Havaianas pretas no corredor”. A rima repetida reforça o peso do tempo parado.

O xote “Pra lhe dizer” é um movimento na direção do próprio movimento. Ao anunciar o abandono de um amor (“Só pra dizer que eu vou trocar de sonho/ Eu vou mudar de você”), a canção se mostra sutil ode ao errar — no duplo sentido do verbo. O movimento aqui não se guia pela certeza e, mais que isso, prescinde dela (“se não me engano me enganei”, diz

o verso, sem almejar a infalibilidade). A certeza que existe é a da errância: “Que o caminho é feito daquilo que se andar”. Bossa nova com ares de samba-canção e vice-versa, “Horário de verão” faz poesia exatamente sobre a incerteza, a impossibilidade de controle exposta no título. O horário de verão, enfim, nada mais é que uma ficção de controle do tempo por decreto. Porem, o tempo, como o amor, não se controla: “Houvesse modo de fazer o amor obedecer/ Se alguém pudesse comandar o que lhe vai no coração/ Mudar as luzes de lugar/ Horário de verão/ Quisera eu não mais esperar/ Pelo que você jamais prometeu”.

“Nômade”, última faixa, amarra “Errante” com precisão — como não podia deixar de ser, desamarrando-o. Adriana parte de frases de Gilberto Gil, ditas em tom banal e ouvidas por ela ao longo da turnê que fez com ele na Europa, e do já citado título da instalação de Lygia Clark (“A casa é o corpo”). As falas de Gil (“Não tem o que não dê trabalho” e “Não visto a fama o quanto posso”) são convertidas em verso, como ela faz com a obra de Lygia, numa canção que cruza matéria escura e a “chave do hotel passado” esquecida no bolso. O arranjo carrega a tensão da ação, do deslocamento, da mutabilidade, até se desfazer, expandindo-se até a diluição de fronteiras entre a música e o silêncio. Gil é citado ainda, em “Nômade”, na reprodução de seu verso “Eu mesmo traço”, extraído de “Aquele abraço” (“Meu caminho pelo mundo/ Eu mesmo traço”). Ao ouvir que a canção dialoga ainda com outro verso de Gil, de “Back in Bahia” (“Como se ter ido fosse necessário para voltar/ Tanto mais vivo/ De vida mais vivida, dividida pra lá e pra cá”), Adriana concorda: Sim, ir é ir para voltar — diz, antes de rebater, atingindo o âmago de “Errante”. — Mas estar em algum lugar também é estar para sair


Duração: 80 minutos.
Classificação: 14 anos. Acesso de menores somente acompanhados dos pais ou maior responsável.

Descontos:

Meia Entrada/Descontos: 

50% de desconto para Idosos (com idade igual ou superior a 60 anos): Conforme a Lei Federal nº 10.741/03 e o Decreto nº 8.537/15, mediante apresentação de documento de identidade oficial com foto.

50% de desconto para Estudantes: Os estudantes terão direito ao benefício da meia-entrada mediante a apresentação da CIE no momento da aquisição do ingresso e na portaria ou na entrada do local de realização do evento. Podendo ser emitida por entidades estaduais e municipais, Diretórios Centrais dos Estudantes, Centros e Diretórios Acadêmicos, mesmo que estas entidades não estejam filiadas a ANPG, UNE e Ubes.

50% de desconto para Jovens com até 15 anos: Conforme a Lei Estadual nº 14.612/14, mediante apresentação de documento de identidade oficial com foto.

50% de desconto para Pessoas com deficiência e acompanhantes quando necessário: Conforme a Lei Geral da Meia-Entrada (Decreto nº 8.537/15, que regulamenta a Lei 12.933/13), mediante apresentação do cartão de Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social da Pessoa com Deficiência ou de documento emitido pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS que ateste a aposentadoria de acordo com os critérios estabelecidos na Lei Complementar nº 142, de 8 de maio de 2013. No momento de apresentação, esses documentos deverão estar acompanhados de documento de identidade oficial com foto.

50% de desconto para Professores da rede pública municipal e particular de ensino: Conforme a Lei Municipal nº 243/06, mediante apresentação de carteira funcional emitida pela Secretaria Municipal de Educação de Natal ou holerite acompanhado de documento oficial com foto.

50% de desconto para Doadores Regulares de Sangue: Conforme a Lei Municipal nº 344/11, mediante apresentação de documento oficial válido, expedido por banco de sangue. *São considerados doadores regulares de sangue aqueles registrados nos bancos de sangue dos hospitais do Município de Natal.

O benefício de meia-entrada é assegurado para 40% do total de ingressos disponíveis para cada evento, conforme o Decreto nº 8.537/15.


Outros Descontos:

50% de desconto UNIMED NATAL, para os primeiros 450 ingressos (por espetáculo) para cliente do plano Unimed Natal e médicos cooperados. Desconto válido apenas com a apresentação da carteira (UNIMED NATAL) e CPF. Desconto limitado a 1 (um) ingresso por CPF.

50% desconto em até 02 ingressos para assinantes do Jornal Tribuna do Norte, mediante apresentação da carteira do Clube do Assinante. Disponível para 100 primeiros compradores. Vendas somente na bilheteria do teatro

50% de desconto para clientes Nordestão na compra de 1 ingresso mediante apresentação do cartão Nordestão. Desconto disponível para os 50 primeiros compradores.

30% de desconto para titulares dos cartões Riachuelo (Própria Loja, bandeiras Visa e Master): Limitado a 50 ingressos por sessão. Será necessário a apresentação do Cartão Riachuelo, que comprova o benefício, no acesso ao evento.

20% de desconto para Sócios Clube Opus. Limitado a 100 ingressos, sendo 02 por sócio. Válido para compras na Uhuu através do CPF. Maiores  informações https://clubeopus.com.


Atenção:
- Os descontos não são cumulativos, devendo ao beneficiário optar pelo desconto de sua preferência, mediante a apresentação de documentos que comprovem o direito.
- Os documentos para validação de descontos deverão ser apresentados no ato da compra e no dia da sessão adquirida, na portaria do evento. Nas compras feitas através da internet, a apresentação do(s) documento(s) de comprovação será exigida no acesso ao evento. 
- Caso os documentos necessários não sejam apresentados ou não comprovem a condição do beneficiário no acesso ao evento, será exigido o pagamento da diferença de valor dos mesmos para Ingresso Inteira.


Informações do Teatro:

ALVARÁ DE FUNCIONAMENTO Nº 46078 - PROCESSO Nº 1048 - VALIDADE: 05/05/2024

CAPACIDADE MÁXIMA: 1.505 PESSOAS (FORMATO PLATEIA) / 2.057 PESSOAS (FORMATO PISTA PADRÃO) / 2.557 PESSOAS (FORMATO PISTA PLUS).


Para mais informações, você pode conversar conosco através do Chat online, ele está disponível aqui mesmo na home do nosso site. Este atendimento é rápido e prático.

Ponto de venda sem taxa de serviço:

Bilheteria do Teatro Riachuelo
Horários de funcionamento: de terça a sábado das 14h às 20h, exceto feriados.
Shopping Midway Mall - Av. Bernardo Vieira 3775 – Piso L3, Tirol Natal/RN (Ao lado da porta principal do Teatro).

HORÁRIO ESPECIAL DE CARNAVAL (TR)

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Internet : Depósito e Cartões Visa, Master, Diners, Hiper, Elo e American.
Bilheteria: Dinheiro, Visa, Master, Diners, Hiper, Elo, Vale Cultura Ticket, American e Banricompras.